quinta-feira, 14 de maio de 2015

Um pouco mais sobre o deus das lacunas

Muitas pessoas por questão de tradição, acabam por refutar completamente de suas vidas a ciência, acreditando que a mesma não passa de um grande engodo com finalidade de destruir as religiões.
É óbvio que as religiões, principalmente às cristãs foram grandes apoiadoras do desenvolver de métodos científicos, e o grande intuito disso era de se criar um padrão de interpretação do que pode ser considerado milagroso, ou seja, algo que extrapola os meios naturais. Com isso a igreja católica foi a primeira instituição clerical que financiou e criou as primeiras universidades e corpos médicos.
Em alguns casos existe um certo confronto entre religiosos e cientistas... Pelo menos é o que querem que todos nós pensemos.
Quando se tenta provar que a ciência está errada pois ela se opõem a alguma parte da Bíblia, sem levar em consideração os fatos históricos e sociais de uma determinada região, somente se cria um monstro chamado deus das lacunas, que é baseado em argumentos falhos. É muito comum se confundir a inspiração divina com a verdade nua e crua descrita de maneira irredutível e sem figuras de linguagem, e essa falsa fé não é saudável ao cristianismo, pois leva o fiel ao fanatismo e não ao esclarecimento.

Quadro de Tintoretto: Criação dos animais. Alegoria do Gênesis
A ciência não é um meio da refutação de Deus, mas sim um meio do esclarecimento frente as ações do Altíssimo. Algumas vezes o que está escrito no Gênesis é tido como a verdade absoluta escrita com as próprias palavras que Deus usou para inspirar o escritor, sem considerar as metáforas e a necessidade do inspirado se usar de imagens simples para que o povo conseguisse criar uma foto mental do fato relatado e então difundi-lo. Seria ponderável o relator divino falar que nem todos os animais marinhos com nadadeiras não eram peixes, mas que algumas era mamíferos, assim como as cabras criadas entre as montanhas? Bem provavelmente isso poderia causar desconfiança e falácia sobre o que o inspirado relatava e dessa forma tudo se perderia nas areias  do tempo. Logo as imagens para simplificar a natureza foram necessárias para que um povo que ainda não tinha desenvolvimento científico suficiente para distinguir cetáceos de peixes, conseguisse abstrair a mensagem de que Deus criou um magnifico e inteligente mecanismo chamado natureza.
O grande problema do fanático é que essa pessoa não aprender a enxergar a inteligência de Deus, ou seja, Deus não cria coisas estáticas, que a todo instante necessita de Sua intervenção, desde o movimento de um elétron nos orbitais de um átomo, ou até o surgimento de galáxias, fazem parte do mecanismo inteligente que Deus criou, mas não quer dizer que uma pequena e infinitesimal mudança da rota do elétron ou de um fragmento de bólide se choque com um outro pedaço de rocha estelar, isso seja a ação inerente de Deus.
O ato impensado de que algo inútil seja atrelado a ação de Deus acaba por levar a ideia de que Deus não nos dá tanta liberdade, pois se Ele interfere a todo instante no natural, e nós somos pertencentes ao natural, logo não seríamos livres... Ou seja, um grande exemplo de deus das lacunas, uma grande hipocrisia!

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