segunda-feira, 19 de julho de 2010

FALSO DEUS


Venho mais uma vez expor um assunto polêmico, em que diversas respostas do inacreditável muitas vezes são apoiadas, mas que se torna tão nocivo para a religião como para a ciência.
Alguns teóricos costumam chamar essa forma polêmica de se enxergar as coisas de o “Deus das Lacunas”, pois quando se cria uma lacuna no saber se adentra com a resposta “Foi a obra de Deus”.
Mais uma vez digo que não contesto a ação de Deus, pois esse não é o intuito deste texto, mas na realidade de conseguir ver e diferenciar as obras do Mesmo, daquilo que faz parte do natural e daquilo que não faz, dessa forma interpretar a obra divina de uma forma racional e não tão emotiva, pois a emoção é um fator que cria falsas variáveis nessa interpretação (É claro, não podendo ser generalista, a emoção também pode estar inclusa nas ações de Deus).
O chamado deus das lacunas está presente na história do ser humano já faz um bom tempo, desde o Antigo Testamento até os dias atuais, há pessoas que acreditam que qualquer coisa que ocorre é a ação de Deus a algo que fizemos, uma visão racionalista, que nos leva a teoria do filósofo iluminista Isaac Newton, com a lei “Para toda força aplicada, há uma resposta de mesma intensidade e em sentido oposto!”, ou seja, Deus estaria agindo para conosco com o pensamento racional de um ser humano, em outras palavras, Deus não teria nada de inovador no seu agir para conosco.
Mas cegos pelos fatos que ocorrem, as pessoas esquecem do racional, e sempre jogam as coisas nas costas de Deus, mesmo sendo fatos bons como fatos ruins.
Uma pessoa que se cura de uma doença, nem sempre é um ato de Deus, mas sim da própria natureza. O ato de Deus cura uma pessoa, visa na sua conversão e na conversão de quem estiver próximo do mesmo, ou seja, o simples fato da pessoa se curar não significa que foi um milagre (O milagre esta na capacidade que Deus nos deu de cuidar do próximo e desenvolver a ciência de forma ética para trazermos a todos uma forma de vida coerente, saudável e descente).
Quando ocorre um desastre e várias pessoas acabam vítimas, antigamente e ainda hoje se acredita que foi um castigo de Deus, ou seja, mais uma vez, encarando a forma de pensar de Deus como se o Mesmo pensasse como um ser humano, limitado pela natureza e movido por emoções.
Quando se coloca a culpa de tudo em Deus, nós renegamos a nossa capacidade de escolha e liberdade, assim como a existência da natureza que nos encontramos envolvidos.
O maior problema que o deus das lacunas trás, é o fato de quando o mesmo é jogado por terra, quando se prova que, o que o mesmo estava servindo de resposta, não passa de algo passívelmente explicado como algo natural, seus fiéis acabam por perder o chão, ou seja, perdem seu apoio, e tudo em que acreditou até então, se mostra como algo comum e não mais espetacular.
Quando se procura na religião algo espetacular (shows pirotécnicos, luzes piscando, vozes do além), coisas que somente tratam do emocional e não do racional, se ofende a Deus, pois deixamos explicito para Ele, que não conseguimos até hoje notar no quão espetacular e perfeita é a natureza que Ele criou e nos deu de presente. Quando tentamos jogar nas costas Dele a resposta para o acidente ou para a cura, mais uma vez, O ofendemos, pois criamos situações fantásticas, de caráter midiático em que seu nome é dito como o causador da obra, criando as lacunas para o pensar panteístico e do deturpamento de sua imagem.
Devemos sempre lembrar, que Deus criou uma máquina perfeita denominada natureza, a mesma trabalha seguindo uma ordem (suas leis) e que todos nós somos subjugados a esta máquina. Em certos momentos Deus modifica o sentido do fluir desta máquina, passando por cima de suas leis. Quando isso ocorre se tem o milagre. O mesmo sempre terá caráter de conversão, mas lembrando que hoje vivemos em um mundo interligado e de informações velozes, a maioria das pessoas consegue acesso a Sagrada Escritura, então por quê se teria a necessidade de novos milagres? É claro que essa pergunta tem um caráter pessoal, mas que se analisada mais profundamente, se encontra algo pertinente.
O ser humano prefere esquecer a sagrada escritura para buscar o fantástico, buscar uma fé verdadeira (utópica dessa forma), precisa fazer o mesmo que Dídmo (“Se eu não ver... se eu não tocar em suas feridas não acreditarei que está ressuscitado!!!!). A conseqüência da busca pelo deus das lacunas é a destruição da fé verdadeira, é a criação de um deus com características do pensar humano e não com a inteligência divina, algo criado, moldado e colocado para funcionar, da forma que Ele deve se adequar a minha vida, e não a minha pessoa se adequar a Seu amor.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Supernatural

As pessoas costumam misturar ciência e religião quando não conseguem explicar algum fato da natureza, ou mesmo quando um fato é passívelmente explicável pelos postulados científicos, criando assim várias vertentes de pensamentos, que arrebanham seguidores de um modo muito veloz, apoiando suas convicções e crenças no generalismo dos pensamentos céticos ou mesmo cegos.
Muitas pessoas dizem que não acreditam em religiões, pois há diversas provas cientificas que contestam as mesmas. Pois bem, realmente um milagre não pode ser validado se uma prova cientifica dizer o contrário (digo isso no sentido de fraude, histeria coletiva ou mesmo característica natural das coisas), se uma prova científica mostrar o contrário do valor divino do ato, com certeza temos algo natural, e que deve ser encarado dessa forma.

As pessoas que se apóiam no jargão “Prova Científica”, quando perguntadas muitas vezes não sabem dizer o que é uma prova científica. Irei chamar de “Coisa” os possíveis milagres ou mesmo as características dos materiais e da matéria.
Antes de tentarmos compreender o que é uma prova científica, devemos pensar no caráter dos meios que provam as coisas. Quando pensamos na forma como as coisas são provadas, devemos lembrar que as mesmas passam por uma averiguação laboratorial, sem essa averiguação, as coisas não são levadas a sério no meio acadêmico e científico.

Na história da ciência, vemos que no início, as pessoas que possuíam respostas para perguntas do inexplicável, ganhavam a conotação de iluminadas. Como os diversos sacerdotes, que estudavam o firmamento e desvendavam quando haveria as cheias nos rios, época boa para as civilizações de regadío, que viviam próximas ao leito de rios e irrigavam as plantações e levavam água para as comunidades com o auxílio de rios.
Isso nos mostra que as pessoas ditas como iluminadas possuíam o conhecimento de que estavam lidando com as forças naturais (não entrando nesse momento nas concepções panteístas das diversas civilizações), e se utilizavam das mesmas para agradar ou ter poder sobre os governantes. Este estigma criado entre o saber científico e as religiões perdura até hoje, onde muitos chefes religiosos se utilizam de seu conhecimento da natureza do comportamento humano para confortar seus seguidores e criar um domínio sobre os mesmos. Trazendo respostas paras as coisas como sendo obra de um ser maior, que doou um pouco de seu poder ou proteção para ele, que dessa forma pode orientar esse poder sobre seus seguidores. Não aceitando a contestação de outras formas de pensar científico.

Quando isso acontece é sinal de medo que os postulados criados, apoiados na não contestação do que o iluminado disse, venham a cair por terra. Fazendo assim, com que a crença nesse iluminado se torne em algo obsoleto e não controlável pelo mesmo.
Mas não contesto a existência de milagres, pois os mesmos se dão como forma de conversão, e não com conotação de shows pirotécnicos, onde em vários casos, o milagre (ou coisa como disse no início), trás ao fiel graças materiais.
Quando lembramos agora de milagre, pensamos que o mesmo não pode ser creditado, sem um olhar um pouco cético, não com caráter destrutivo, mas sim de verificação. Sabemos também que essa verificação se dá em forma laboratorial, saindo daí o jargão “Prova Científica”.

Agora entrando mais na ciência, temos que lembrar que a mesma é criada sobre alguns postulados, ou seja, verdades incontestáveis (a ciência em certos pontos se torna então mais despótica que a religião?), um bom exemplo disso é quando tentamos entender a física aplicada em partículas, as leis aplicáveis a corpos mascrooscópicos, nem sempre funciona com partículas, por isso se criou uma outra física, para se poder compreender como o mundo sub-atômico funciona. Essa é a chamada Física Quântica (Ou mesmo Química Quântica). 

Observamos então que as ciências não são tão exatas quanto pensamos, ela está em evolução, e quando um cientista não consegue provar alguma coisa, ele desenvolve um meio explicável para o fenômeno. Muitas vezes conhecido como milagre.
Os milagres podem ser explicados em caráter científico... Quando um câncer é curado de um dia para o outro, a ciência diz que as divisões das células doentes pararam, mas não se sabe o por que naquele momento. Portanto, em grande parte dos casos, o milagre não deve ser analisado no fato do problema ter sido sanado, mas sim pelo momento que se deu, no por que ocorreu. Casos como paralisia do corpo, hoje não são mais identificados como milagre, pois pode ser que tudo não passe de um bloqueio cerebral, e que em algum instante o mesmo seja desbloqueado por uma emoção forte (isso não se limita à paralisia do corpo, há casos de cegueira e ataques epiléticos), ou seja, a ciência está provando o problema e explicando o por que do momento.

De posse disso podemos entrar mais profundamente na ciência e lembrar que as coisas são provadas em laboratório, ou seja, se utilizam meios naturais para isso. Quando falamos de laboratório devemos pensar que o mesmo leva por base os princípios da natureza, simulando as condições naturais e utilizando os meios naturais. Lá dentro nada foge à física, à matemática e à química, tudo se sujeita à natureza.
Agora como podemos provar a vontade de Deus, seus atos e a sua própria existência, utilizando meios criados por Ele, meios que não conseguem subjugá-lo, pois são de caráter natural. Quando nos utilizamos desses fatos, chegamos a resposta de que Deus não existe, pois ele não tem essa necessidade, pois a condição de existência é algo sub-julgado a quem esta preso as condições da natureza. 

Portanto falar que Deus não existe, ou que milagres não se dão e que tudo isso pode ser provado pela ciência, é um fato verdadeiro, pois não conseguimos provar em laboratório, o que não pode ser caracterizado como pertencente à natureza. Uma simples questão de silogismo aristotélico.