quinta-feira, 1 de maio de 2014

Divinação do pensamento: Mitologia.

Um fato interessante que permeia a cultura de todas as civilizações, sejam ao norte, ao sul, leste ou oeste é a presença da adoração a algo. Essa adoração se dá ou se davam, pela observação de fenômenos que não podem ou podiam ser compreendidos inicialmente pois não havia tecnologia suportável no período.

Porém as observações mesmo sem a utilização de equipamentos, se mostraram bastante arrojadas e verdadeiros saltos no compreender humano. Uma delas foi a observação frente a constituição da matéria de Demócrito, um filósofo grego que viveu 370 a.C. Ele observou uma praia do alto de uma colina e percebeu que os pequeninos grãos de areia não podiam ser distinguíveis daquela distância, mas essas pequenas partículas eram responsáveis, em grande quantidade, por compor toda a extensão da praia. Demócrito então a partir dessa observação definiu que tudo era formado por pequenas partículas.

A princípio chamaram Democrito de louco, pois o todo não podia ser tão simples assim, e então descartaram a sua ideia. Passaram séculos e com o desenvolvimento da ciência a nível microscópico, retomaram a ideia desse filósofo, pois com uma observação mais próxima da matéria, constatou-se que ela podia ser dividida em pequenas unidades. Essas pequenas unidades são os átomos, fato esse que Demócrito por uma simples observação de um praia, uma quebra de paradigma, conseguiu formular uma teoria que descrevia a realidade com muita simplicidade.

Demócrito de Abdera

Com o desenvolver dos métodos científicos, adoração que se dá pela observação do não compreensível, começou a ser substituída pela adoração do compreensível.

O filósofo que estávamos a discutir, viveu em um período onde a Grécia tinha religião politeísta, com deuses extremamente caracterizados com traços humanos, eram vingativos e se usavam dos mortais para realizarem seus desejos. Essas características se davam pelo fato dos governantes terem observado que o medo era uma forma boa de controle do povo, fato esse, que foi explicado por Nicolau Maquiavel em 1513 em sua obra máximo "O Príncipe". Mostrando que o "desconhecido" as vezes pode também ser usado como forma de controle de massas. Porém esse desconhecido não é desconhecido dos governantes, que os modelam a sua vontade.

Essa ideia de deuses com características humanas, e que podiam tomar atitudes de controle, não é uma ideia única da Grécia, no Egito, em Roma, na Ásia e Escandinávia, essa ideia se disseminou, e como reflexo disso, formaram-se grandes impérios.

Portanto fica claro que a humanização das ações de uma divindade expressa em algo não explicável presente na natureza, não passa de uma grande alusão a atos de governantes que se usam de um engodo para traçar os rumos de um grupo social.

As alusões mais explicitas se dão na figura do imperador deus, sendo os romanos, os egípcios, chineses, japoneses e escandinavos os mais conhecidos.

Dentre esses, os menos famosos são os escandinavos, conhecidos como Vikings, que incorporaram muito da cultura grega, assim como os romanos, e trouxeram a divindade a seus governantes. Poucas vezes são falados de reis Vikings que eram considerados deuses, mas somente a figura do Panteão, que é a especificação do Olimpo, o local de reunião dos deuses e a figura do Valhalla que corresponde aos Campos Elísios onde o homem descente descansa após a morte, já nos dá muitas informações de como havia um controle na região. O Valhalla era aberto somente a quem caísse em combate, ou seja, era um engodo criado pelos governantes "deusificados" na figura de um ser perfeito, porém com a intenção de conquistarem mais terras. Os deuses Vikings não eram considerados imortais, mas sim mortais e passíveis a morte se não comessem a maçã de Iounn, uma grande alusão a ideia do fruto do paraíso, característica introduzida pela mitologia cristã.

Fenrir filho de Loki, subjugado após o Ragnarok, onde Vidar, filho de Odin, o mata abrindo sua boca e então rasgando-o ao meio. A lança retrata o poder de Odin mantido em seus descendentes, uma vez que ele é morto por Fenrir no Ragnarok, ou seja, os deuses não passavam de figuras presas a um destino de exílio existêncial.

Do passado para o presente, as ideias da divinação é bem comum, sendo que hoje ainda existem pessoas que são tratadas como sobrenaturais. Mas também é comum as pessoas de hoje abdicarem do sobrenatural para acreditar na tecnologia e fundamentarem sua fé na mesma. 

Portanto surge a pergunta:
"A mágica não era a tecnologia do passado, se ela hoje é considerada obsoleta, pois criava um engodo ao racional humano, a tecnologia e a ciência em tempos futuros também não serão meios de se criar o engodo frente a fé?"

A resposta é clara e simples, nem a mágica e nem mesmo a ciência podem subjugar a fé, pois ela se baseia em algo que extrapola o que é racional humano e naturalmente físico. A fé se basei em Deus e não em divinações que possuem características atitudinais humanas, como era comum nas culturas Egípcias, Gregas, Vikings, Chinesas etc...