sábado, 4 de setembro de 2010

INQUSIÇÃO

Vivemos esses dias o início da propaganda eleitoral gratuita, vemos diversos de grupos de esquerda e também os de direita, pregarem uma revolução social, que já tarda para acontecer, ouvimos discursos exaltados de ordem e de igualdade afim de melhorar a vida das pessoas.
Também notamos a presença de pessoas que somente se candidataram, por motivos de má fé, buscando se enriquecerem de forma rápida, mesmo que para isso utilizem meios porcamente desonestos.
Isso nos deixa enraivecidos, a ponto de desacreditarmos na política. Fato esse que também ocorre com a religião, principalmente quando descobrimos o quanto o homem já se utilizou da mesma para mudar o rumo da história a seu interesse.

Quando começamos a estudar na escola matérias como história e literatura, somos bombardeados pelas informações da Inquisição, que realmente foi um momento negro na história do homem e não da Igreja.
A dialética, entre os atos dos homens daquela época e a religião, estão fortemente ligados pelos grilhões do Teocentrismo, fato esse que cria jargões que confundem a cabeça daqueles que estão intelectualmente (conhecimento formal, escolar) se desenvolvendo.

Ao iniciarmos nos estudos, que remontam a tempos passados como a Idade Média, logo nos deparamos com a crueldade humana, onde a lei do mais forte imperava. Mas como podemos quantizar a idéia do mais forte? Nem sempre o mais forte era aquele que possuía as melhores armas ou o maior exército, mas sim aquele que possuía o temor de seus seguidores.
Maquiavel, diz em seu livro “O Príncipe”, que para um governante ter controle sobre os súditos, ao contrário de ser amado, ele devia ser temido, pois os bons atos tendem a serem esquecidos com o tempo, pois criaram uma boa sensação momentânea (depois do bom o povo sempre vai pedir pelo ótimo, esquecendo do que lhes serviu antes e frustrando-se por não obter algo melhor que o anterior fato). Já os atos que causaram medo na população, vão perdurar, pois acabam tendo o mesmo efeito que uma cicatriz, mesmo passados anos ainda é lembrado.

É claro que Maquiavel expôs isso no seu livro, não com o efeito de fazer com que o príncipe mandasse plenamente em seu povo, mas sim o contrário, queria que o povo compreendesse como o príncipe agia, dessa forma alertando como se defender do mesmo.
A idéia de se seguir os mandamentos de Deus, em uma época onde mais de 99% da população era tida como desgraçada, pois não nasceram em berço abastado, acabava gerando uma forma de controle muito grande, pois como toda maioria era pobre, criou-se a idéia de que essa era a vontade de Deus, ou seja, os nobres eram os escolhidos divinamente para governarem eram protegidos pelo Senhor.

Mas como sabemos isso não se encaixa com a figura de Cristo (não foi Ele quem nasceu em uma estrebaria, viveu como mendigo e por fim morreu humilhado em uma cruz?), conseqüentemente, podemos subjugar como resposta, utilizando um simples silogismo da lógica aristotélica, que toda essa divisão estamental, não passa de uma idéia da cabeça humana. Não passa de uma idéia da cabeça daqueles que queriam governar.

Nos remetendo a famílias nobres da Idade Média européia, notamos que todas são católicas, não pelo fato de acreditarem nas promessas de Cristo, mas sim pelo fato de que a população era Católica. Geralmente o Filho Varão (primogênito), recebia o encargo de continuar a governar e aumentar as terras de sua família, recebendo para isso o poder militar, tornando-se assim um guerreiro. O Segundo Filho por sua vez não podia comandar o reino, ao menos que o Varão morresse sem deixar descendentes, então, para continuar a influência sobre o povo (afim de evitar revoltas), o Segundo Filho recebia o encargo episcopal, ou seja, era ordenado bispo. Um fato que os cientistas historiadores e escritores não citam, é que esses bispos, não pediram para entrarem no mundo clerical, conseqüentemente, eram bispos de fachada, sem terem recebido o chamamento divino (Vocação Sacerdotal), ou seja, não eram pertencentes ao verdadeiro corpo da Igreja, sendo somente, homens políticos que forjaram uma imagem forte da igreja católica para seu próprio uso. Por isso na Idade Média ouvimos muito dizer em padres e bispos que guardavam o dever celibatário, fugindo escondidos do templo e entrando nos bordeis a busca de luxuria e bacanais.

Esses não eram os verdadeiros servos da Igreja Católica, eram somente homens, sem devoção, que buscavam ascensão e poder imediato, fazendo lavagem cerebral na cabeça das pessoas humildes, utilizando para isso o status, que por sorte adquiriram por terem nascidos em uma família abastada (conseqüentemente, observando com um olhar mais atento, notamos que para Deus, realmente somos todos iguais, o fato de sermos ricos ou pobres é algo relativo às condições probabilísticas de nascermos em uma determinada família, ou seja, o rico não era rico porque sua família recebia as bênçãos especiais de Deus, mas sim por ter nascido em uma família rica, pois a riqueza material é uma invenção humana e não de Deus).

Muitas decisões, como as fogueiras e enforcamentos, são atreladas ao nome da Igreja, mas realmente, a mesma não teve parte disso, pois como disse antes, as pessoas que estavam compondo o Clero, não eram vocacionados, não se preparam para agir por Cristo, mas sim pelo poder. Fatos como matar pessoas por trabalharem com ervas medicinais (crimes de bruxaria e adoração do demônio), na realidade era uma forma dos governantes retirarem a esperança de melhorias de vida dos humildes, dizendo para se conformarem, pois Deus queria que eles se mantivessem pobres (Uma vez que o próprio Cristo foi pobre), pois essa era uma situação muito bonita e honrosa.

Jargões como “Reze para Deus, pois somente assim Ele irá te salvar de sua doença” ou “Trabalhe humildemente, pagando seus impostos a quem te protege”, são facilmente reconhecidos como idéias de pessoas que buscam o poder, chupando a jugular dos mais desfavorecidos. O fato de falar para o povo que a busca da cura, como o auxílio de plantas, era algo demoníaco, e que só a reza para Deus, atrelada com a benção de um sacerdote, traria o resultado esperado, foi um meio de forçar todos a acreditarem de forma cega no que o corpo sacerdotal tinha a dizer (somente rezar, sem tomar algum medicamento, não demonstra fé, mas sim fanatismo, Deus nos deu a inteligência para desenvolvermos métodos de melhoria de vida, portanto a utilização da ciência de modo algum é reconhecida pela Igreja Católica como algo do Demônio).

Mesmo chegando a um consenso de que a Igreja não tem responsabilidade (mas sim, aqueles que utilizaram seu nome, sem pedir licença), pode surgir a pergunta “Mas então por que Deus permite e permitiu tanta desgraça... Não seria Ele um injusto?”, que pode facilmente ser respondida, levando em consideração que não podemos analisar as forma de pensar de Deus, com os idéias e lógica humana, pois ficar esperando Daquele que te ama e deu a liberdade para todos (um dos sinais de Seu amor), uma atitude de orientação como se fossemos Suas marionetes, é algo bastante simplório. Deus não é a favor da desgraça, por isso dá toda a oportunidade de você tentar melhorar a vida de seu próximo, se utilizando de inteligência e coragem (A característica humana de sermos criaturas sociáveis, nos garante a chance de irmos buscar o próximo, ou seja, para que as coisas mudem, você tem que dar o primeiro passo, se isso for levado no coletivo, todos darão o primeiro passo e então as diversas situações tendem a mudar, basta somente coragem e fé).

Mas para as jovens cabeças em formação, coisas revoltantes acabam sendo marcantes para seu desenvolvimento intelectual, pois como a crítica social está começando a dar os primeiros passos, as idéias de que tudo tem que mudar de uma forma abrupta se torna muito evidente, com isso um grande sentimento de repulsa para com a religião se cria, porque a mesma somente tem caráter de controle de massas.
Os fatos das falhas humanas são expostos de forma que são de responsabilidade da Igreja, não mostrando o caráter psicológico envolvido e trabalhado por parte da idéia de governante. Os livros de história, não mostram como a identidade dos governantes se criou (algo desenvolvido pelo homem primitivo, ou seja, algo por muito anterior à Igreja Católica), prezando somente pelas atitudes tomadas no decorrer das civilizações.

Na própria Idade Média, atos humanitários (atos cristãos, mas que não são lembrados em livros de história por fazer alusão a Cristo) como os que São Francisco de Assis fez, tendo a coragem de tentar melhorar a Igreja Católica e servindo de exemplo para muitos (antes Martinho Lutero tivesse feito assim, pois depois se vendeu aos nobres) modificaram por muito a vida de diversas pessoas, retirando-nas de uma vida sem esperança e trazendo-as para a verdadeira Igreja de Cristo, a Igreja da Caridade, a Igreja da comunidade a chamada Igreja Católica.